quinta-feira, 29 de abril de 2010

Vitória De Cada Dia... Por Rômulo Soares Albuquerque

REFLEXO ESPELHADO6

Novamente buscando saídas para problemas que fazemos questão de criar. Assim parece ser o objetivo de nosso existir. Complicar, dificultar e, quando aproximamo-nos do momento de resolver o que está a nos atormentar, criamos ou recriamos novos ou antigos problemas. Parece que o niilismo existente em nós nos instiga a descontentarmo-nos com a paz; com o sentimento de tranquilidade, desprovido de culpas ou fantasmas a assombrar-nos... Mas um dia, de mãos dadas, bem firmes e seguras, acordaremos para uma nova realidade. Não estou a pregar o conformismo, nem a falta de objetivos que devem sempre existir, mantendo-nos atentos e vivos. Mas, pelo menos dessa vez, vamos com calma. Exijamos menos de nós mesmos. Aprendamos que tudo tem um tempo; que tudo tem o seu tempo e antecipar acontecimentos pode significar criarmos algo que, necessariamente não existiria. Então ouça uma música... Dessa vez, troque o Rock ou axé, por uma que faça seu coração bater em estado cineral. Ah, quando aqueles pensamentos baterem a porta? Toc, toc, toc... Diga: -Não há ninguém em casa; sorria então... Lembra-te da namorada, dos beijos, dos prazeres que sentes em simplesmente respirar. - Como? - Sim, prestas bem a atenção: prendes as narinas com a mão pelo tempo máximo que conseguires... Quando não mais aguentar, instintivamente as soltará, valorizando, destarte, teu próprio respirar. - Você está com brincadeira, gozação... - Eu? Não. Juro. É sério... - E se eu morrer? - Se morreres? Jamais saberei. A não ser que desças, ou subas do além e venha visitar-me... Mas haverá tanta coisa boa para fazer que lembrar-se de mim será a última.

Escuta: VENÇA! Isso, VENÇA... Vencer ou perder depende de nosso querer muito mais do que eu ou você imaginamos. Somos vencedores. Eu sou um vencedor assim como você o é. Nesse jogo, não necessitamos de derrotados para sermos felizes. Então despeço-me certo de que, brevemente estaremos juntos no pódio. Nesse pódio existe somente um lugar... O mais alto. Porém cabem todos aqueles que predispõem-se a alcançá-lo. Tenho certeza de que estaremos lado a lado.

     Texto De Rômulo Soares Albuquerque

sábado, 17 de abril de 2010

MEU PAI; O AMIGO DE SEMPRE! Por Rômulo Soares Albuquerque

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MEU PAI; O AMIGO DE SEMPRE! Por Rômulo Soares Albuquerque

Pai, meu Pai,

Então lembro-me de nosso mundo, parecendo que foram ontem nossas aventuras e jornadas. Detalhes que protagonizaram minha vida. Lembra-te dos blocos e canetas que eu e meu irmão, ansiosos, passávamos a semana à esperar? Das despedidas e prantos em que ficava ao vê-lo partir no domingo a tarde? Dos esconderijos que eu, em meus planos mirabolantes, encontrava para surpreendê-lo e passar mais tempo ao teu lado. Sinto o gosto daquele lanche noturno feito enquanto nossa mãe, sua esposa, estava a lecionar. Creia, pai, era o mais gostoso lanche do dia.

Entre sonhos e magia transformamos o aeroporto sobralense em palco de jogos inesquecíveis de futebol. Juntos com o "Dunguinha" fizemos de teu carro quarto seu aconchego, para percorrer os caminhos ditados pelo coração. Certo? Errado? Isso hoje não mais importa. Verdadeiramente, para nós jamais importou, pois tudo que queríamos era somente ao teu lado está. Entre camaleões, sobre caminhões, olhares curiosos, duas crianças e um pai... Sabíamos ter o melhor.

Fortaleza tornou-se real assim como meus telefonemas insanos ao DNOCS; Bolas, discos ou quaisquer apetrecho que me passasse pela cabeça... E, quando não vinhas do trabalho direto para casa o relógio tornava-se o quadro mais importante da casa.

Os anos passaram; tornamo-nos adolescentes; surgiram conflitos, mas nunca faltara o pai amável e maravilhoso de sempre;  zelando e orando pelos filhos que por vezes não compreenderam a imensidão do teu amar; peço-te perdão, pai, pelas vezes que o fiz chorar. Suplico-lhe que releves, meu único, eterno e verdadeiro amigo.

Jamais esqueças que estou e sempre estarei a pensar em ti e contigo no coração. Teu ser, amor e ensinamentos presentes estão em cada gesto, em cada palavra, em fim, em tudo que sou, em tudo que faço. Para falar da gente, Pai, uma enciclopédia seria minúscula, porém não poderia ser eu o autor, pois em lágrimas convulsivas, estou; numa mistura nostálgica de sentimentos intensos e lembranças do que não mais voltará. Foram maravilhosos e único cada momento que vivemos. Preciso de ti, Pai. Preciso do teu ouvir; necessito de teus conselhos; de tua sabedoria, mostrando com razão e muito amor os caminhos que tenho a percorrer.

Sofro, ao pensar que um dia, ao acordar posso aqui está e não dividirmos o mesmo plano. Como queria acreditar nesse Deus que tanto crês; onde no final todos se encontram e são felizes para sempre. Eu te amo, meu pai; és e será sempre minha referência. Não consigo mais escrever, somente dizer que te amo e para sempre o amarei.

"Poucas linhas; mas tenham certeza que fora um dos textos mais difíceis que já escrevi. Cenas feito relâmpagos, flashes, foram constantes. Era difícil escrever com a quantidade de lágrimas insistindo a brotar incessantemente. No fundo, quis, naquele momento que os momentos aqui descritos e um milhão de outros voltassem... Encontrei reais dificuldades em escrevê-lo, pois somente eu, que tive e tenho Raimundo Nonato Albuquerque como pai, sei o quão maravilhoso é. O que existe entre nós, meu pai e eu, é uma das coisas que existe de melhor em mim."

               Rômulo Soares Albuquerque

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O DESPERTAR FINAL Por Rômulo Soares Albuquerque

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Ela estava ali. Imóvel, pacientemente acompanhando-me com os olhos.
O silêncio incomodava e angustiava-me.
- Olá.. Como Vai? - Estudava as palavras... Os sentidos... Mas nada conseguia pronunciar
O olhar não era ameaçador... Isso me assustava
Tão acostumado a está pronto a defender-me... Dessa vez não senti iniciativa de nenhum ataque
Pressa era uma palavra que ela desconhecia... Ou vivi segundos como se fossem anos.
Levantei rumo ao banheiro... Ao entrar percebi o espelho quebrado... Não me lembrava disso... Ignorei; seguindo em frente... Com naturalidade pus o pénis para fora, sabendo que ela estava a olhar-me... Pensei que fosse um sonho, pesadelo ou mais uma de minhas alucinações...
Entretanto ela continuava imóvel... Beliscar-me ajudara muito pouco... Estranhamente seu semblante trazia muita paz... Senti vontade de beijá-la... Um frio gelado subiu por minha espinha quando percebi que estava a ler meus pensamentos... Logo os meus, pensei... Tão acostumado a sentir os pensamentos alheios, senti-me vítima... Percebi então como as pessoas eram vulneráveis a mim... Senti na pele a vulnerabilidade de ter os pensamentos expostos.
Mas a intensidade daquele olhar perpetuava-se... Pensei em fitá-lo, ao invés de fingir ignorá-lo. Tudo tão estranho, com tão pouco sentido...
Olhei ao redor, pelos cantos do quarto... Em vários cantos constatei a presença de espelhos refletindo universos diferentes; momentos outrora vividos por mim...
- Não; pare, Rómulo, não tens o direito de agir assim, grosseiro e estúpido... - peguei-me analisando um desses universos... Tudo acontecia em frações de segundos, deixando as sensações internas em conflito intenso e mutáveis...
Outro espelho, nova cena chamou-me a atenção... Tão vaidoso, prepotente, orgulhoso, incapaz de perceber o olhar pueril da garota mais linda e maravilhosa do mundo... Refletiam meus sorrisos, Meus sonhos... O que em mim de melhor existia... Estava muito ocupado centrado em em mim e em minhas atitudes deploráveis.
Destarte sucederam-se momentos onde o mais difícil era errar...Porém o fiz com maestria impecável
Finalmente, dera-me conta novamente da visita ilustre em minha casa...
Então nossos olhares encontraram-se...
Indescritível o que por minha cabeça passara.
Inenarrável o que meu coração sentia..
Estava na hora... Percebi então.... Chegara minha hora de partir
Imediatamente comecei a arrumar minhas coisas.
Dei-me conta de não saber o que levar... Tudo era tão importante, tão valorado exageradamente por mim... Porém agora era indiferente.
E lembrar da lágrima, do ódio, da raiva. Meu Deus, quão pequeno agi, senti..vivi...
Sentei-me então ao seu lado... Verdadeiramente não sabia o que fazer... Que direção tomar...
Não me passou desapercebido os traços lindos que ela possuía.
Tudo lhe era singular...
Só então percebi que estava a persegui-la ; não ela a mim.
Na verdade compreendi que estava morto e necessitei que a morte viesse até mim para descobrir isso
Pior, não queria deixá-la partir... Queria seu abraço... Desfrutar de sua companhia. Está a seu lado....
Levantei e toquei-lhe a face... A pele lembrava a seda mais pura e legítima que um dia...
Desci os dedos aos seus lábios. Senti o calor de sua respiração...
Estava realmente muito atraído... Queria provar de seu gosto... De seu abraço...
Estava enlouquecendo... Deveria está apavorado e não a desejá-la...
Aproximei-me se sua boca e a beijei... Um beijo desconhecido por toda a vida..
Tesão, desejo, querer... Palavras tão minúsculas para descrever o que sentia...
Naquele instante soube que desconheci até então, em vida, o que era o amor...
Acreditava tudo saber. Que a tudo e a todos conhecia quando desconhecia de mim mesmo...
Então ela levantou-se, afastou-se em direção a porta; quando supliquei para que não partisse...
Subitamente o reflexo de um dos espelhos chamou-me a atenção... Nele vi que ela sempre estivera ao meu lado... Sim e, quiçá por isso nunca a tenha percebido...
Tudo fez sentido... Ao olhá-la a vi sorrir...
Hoje, seguro sua mão, despedindo-me e agradecendo-lhe pelos anos que caminhamos lado a lado. Pelos momentos mágicos que vivemos... Pedi que levasse-me junto... Ela não compreendera... Então em prantos abracei-a. Em prantos amei-a pela última vez...
Sempre esperando sua visita vou seguindo sol em sol... Mas ela não...
Quebro o espelho do banheiro... vejo o jorrar do sangue... vejo muita, muita coisa... mas não a vejo...
O vazio imenso; a saudade dolorosa... Na certeza de que a fiz feliz encontro forças... Alento bem-vindo nesses momentos de desespero; sendo essa certeza a única a orgulhar-me... Amei-a por completo... Amei-a sem limites...
A dor sentida mero reflexo do puro e verdadeiro amor... Assim, exatamente inexplicável, sem nenhum sentido, exatamente como sou... Exatamente como sou...

                         Rômulo Soares Albuquerque

quinta-feira, 1 de abril de 2010

LUGAR SAGRADO Por Rômulo Soares Albuquerque

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Foi desde o início; desde o primeiro instante que meus olhos fitaram os seus
Uma folha rabiscada ganhou cores vivas, intensas e reais
Mudei quase tudo que pediste; acreditei que fosse verdadeiro e real
Pela primeira vez cri no amor e em sua capacidade de a tudo transpor
Acreditei em mim, no que poderia ser feito; visto e refeito
Então percebi que estava em um jogo de cartas marcadas; o lance final previsível e inevitável
Assim, guardei tudo o que de mais lindo existiu em lugar sagrado
Escondido de todos, bem no fundo do coração; naquele lugar que tão bem sei chegar
Desisti de buscar explicações, aceitando que aquelas noites de amor, aquele sorriso espontâneo, brincadeiras reais, não haviam como coexistir com suas expectativas.
A calmaria de um dia de de pesca e a força do katrina eram o retrato fiel de você e eu
Na bifurcação que se criou em meu caminho, pensei em você, e acredito ter feito a escolha certa. Mas só as vezes...
Não sei se fiz isso por ti ou por medo de enfrentar aqueles monstros que insisto em derrotá-los, mas que se alimentam de minhas fraquezas; de meus momentos mais difíceis.
Noites na escuridão com o toque suave da brisa gélida fazem com que as lágrimas que rasgam minha face tornem-se ainda mais insuportáveis. Nesses instantes a loucura é tudo o que tenho e a solidão o único refúgio que encontro
Não, não seria justo fazê-la protagonista de uma história que não construístes
Se culpado ou inocente; detalhes pertinentes aos coadjuvantes.
Engraçado, nas histórias de amor era sempre o primeiro a chorar e torcer para que ao final a mocinha e seu herói terminassem juntos.
Sei, a pipoca estava sempre mais salgada do que devia... Extremos, amor... Até nisso, não é? Nunca aprendi outra maneira de ser... Viver... Existir....
E meu sorriso adocicado pelo gosto do refrigerante era contido por teus beijos apaixonados
Insistem sempre a perguntar como ser feliz é tão simples... Em palavras o possível é irracional e faz todo o sentido... Por isso aqui estou e... E você está exatamente naquele lugar; mas bem longe, não dele, de você vou estar
A perfeição existia em imagens surreais construídas por você.
Teu final não será sozinha visitando lugares como esse.
Logo olhar-me-á e não encontrará motivos para querer... Nem para o querer...
Vou cumprir o acordado... Vais ser feliz... Vai sim... Vais ver...
Pessoas boas sempre são mais felizes... E não sou tão bom assim... Não mesmo...

                     Por    Rômulo Soares Albuquerque